Deepfake: método utilizado por bolsonaristas para praticar crimes eleitorais
Ativistas digitais bolsonaristas utilizam deepfakes para praticar crimes eleitorais, por meio de mentiras e ódios postados nas redes sociais. O exemplo mais recente da primeira deepfake no Brasil, relatado em reportagem publicada pelo site UOL, é a notícia que circulou pelo WhatsApp, Twitter e YouTube sobre uma montagem que mistura a voz da apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcellos, com resultados de uma falsa pesquisa de intenção de votos para presidente da República.
A foto do rosto de Jair Bolsonaro (PL) aparecia em primeiro lugar na pesquisa do Ipec, com 44%, e a do ex-presidente Lula da Silva (PT) em segundo, com 32%. Lembrando que essa pesquisa divulgada pelo Ipec apresentava o oposto: Lula em primeiro, com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro em segundo, com 32%. Sendo assim, com auxílio de ferramentas de inteligência artificial, o autor bolsonarista desse crime alterou o resultado verdadeiro.
Cabe ressaltar que a primeira deepfake surgiu em 2017 por meio de um usuário do Reddit, que postou vídeos falsos e modificados de artistas famosos no referido agregador social, conhecido como rede de conteúdos verificados e manipulados pelos próprios usuários.
Entretanto, os produtores e disseminadores de deepfakes se organizam por intermédio desse site em comunidades na internet. Eles têm como finalidade interagir com outras pessoas sobre qualquer assunto, trocar experiências e participar de discussões nas profundezas da web. Muitos deles utilizam esse meio para trocar simples informações, com o propósito de propagar notícias falsas e estimular violência, como é o exemplo dos bolsonaristas.
Traduzida literalmente como “mentira profunda”, a deepfake é utilizada para montagens produzidas a partir do uso de inteligência artificial. As alterações e falsificações são realizadas nos formatos de imagens, áudios ou vídeos e rapidamente são espalhadas nas redes sociais. Por meio dessas mídias, esses criminosos usam como suporte um grande número de arquivos de determinada pessoa para alterar o conteúdo original e enganar o internauta.
Em matéria publicada no Olhar Digital, em 29 de setembro, véspera do primeiro turno das eleições de 2022, o site mostra que “o Comprova, projeto jornalístico que busca identificar e informar sobre conteúdos falsos ou enganosos, produziu em parceria com diversos veículos de jornal, rádio e TV, o relatório ‘Saiba o que é deepfake, técnica de inteligência artificial que foi apropriada para produzir desinformação’”.
O Comprova, que tem como propósito identificar e enfraquecer as sofisticadas técnicas de manipulação e disseminação de notícias falsas na internet, relata que o método conhecido como deepfake está se transformando em um poderoso instrumento de adulteração entre os produtores e propagadores de conteúdos falsos nas redes sociais.
“No período eleitoral de 2022, vídeos vêm sendo manipulados e seus conteúdos distorcidos a partir dessa prática, que usa inteligência artificial para copiar vozes e rostos. Por meio da tecnologia é possível produzir vídeos realistas em que pessoas aparecem fazendo e falando coisas que nunca fizeram ou disseram”, alerta o Comprova.
O site, que atua no campo do jornalismo colaborativo contra a desinformação, explica sobre como fazer para descobrir se algum tipo de conteúdo apresenta deepfakes. É importante ficar atento às seguintes dicas e que podem ajudar a identificar se o vídeo que está assistindo possui manipulação ou não.
Comece prestando atenção a movimentos esquisitos e também ao tamanho desproporcional do rosto. Em seguida, verifique se os vídeos com imagens ruins enganam com mais facilidade. Caso o vídeo tenha áudio, fique atento na sincronia do som com a boca. É mais fácil perceber manipulação em vídeos assistidos em tela cheia e em melhor qualidade. Pesquise a procedência da informação passada no vídeo. Se esse conteúdo não saiu em veículos de comunicação confiáveis, isso tem grande possibilidade de ser um material falsificado.
Para denunciar crimes eleitorais acesse o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e escolha uma das cinco opções que melhor se encaixa com as irregularidades verificadas, depois preencha o cadastro e registre a ocorrência.
Nesse portal do TSE é possível verificar questões que tratam de desinformação sobre candidatos ou partidos (incluindo pesquisas manipuladas e propaganda irregular); desinformação sobre a Justiça Eleitoral, urnas eletrônicas ou contagem de votos; discurso de ódio em matéria eleitoral (incluindo violência política de gênero); incitação à violência contra membros, servidores ou patrimônio da Justiça Eleitoral; e mensagens não solicitadas com conteúdo eleitoral no WhatsApp (disparo em massa).
Arte: reprodução da internet
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